Edson Lustosa escreve: O que se pode chamar hoje de imprensa?

Publicada em 

27 de janeiro de 2024

às

18h29

A insana corrida em busca de sangue e lágrimas uniu as cores: imprensa marrom e imprensa chapa branca. Essa é a triste realidade. Tendo a distribuição de verbas oficiais de mídia como principal – e às vezes único – critério de distribuição o número de acessos aos sites que se apresentam como jornalísticos, não era de se esperar outra coisa.

Some-se a isso o gosto por ler o que não presta, algo que mereceria ser chamado de filocoprolexia (a invenção terminológica é minha), mal que acomete um número cada vez maior de pessoas. E o pior é que essa identidade escatológica do que se vê veiculado na mídia não se dá apenas pelo conteúdo, mas também pela forma. Os atentados contra a última flor do Lácio são cada vez mais comuns e assimilados sem resistência ou repulsa.

Por mais que se busque um sentido para muita coisa que se diz e se fala na mídia hodierna, não se consegue encontrá-lo. Ocorre que isso, em vez de suscitar revolta por parte da população, vai cada vez mais consolidando um processo de alienação coletiva, em que as mentes vão dando espaço aos dados mais inúteis e deixando em último plano o que verdadeiramente seja informação.

Nesse cenário, consolidou-se algo que já vinha em curso: a diluição do conceito de imprensa. Não há mais o que se chamar de imprensa. Raros exemplos de dignidade profissional se perdem em um universo midiático dominado por influenciadores, difamadores e aduladores. E o que é pior: cada vez apoiados na tecnologia e apropriando-se seletivamente de migalhas de tecnicidade catadas no meio acadêmico.

 

 

 

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