Historiadora é 11º mulher a integrar a Academia; primeira foi a a escritora Rachel de Queiroz
A historiadora Lilia Schwarcz, 66, tomou posse como imortal na Academia Brasileira de Letras na noite desta sexta-feira, 14, no Rio de Janeiro. A cerimônia contou com a presença da ministra Carmen Lúcia do STF, do ministro Silvio Almeida do ministério dos Direitos Humanos e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Além, claro, dos colegas de cadeira como Gilberto Gil, Fernanda Montenegro, Ailton Krenak e Ruy Castro.
Em discurso, Lilia Schwarcz agradeceu seus antecessores e destacou as desigualdades de gênero e raça no Brasil dando como exemplo as tentativas frustradas do escritor Lima Barreto de entrar na ABL. “”Lima Barreto tentou três vezes entrar na Academia e desistiu. Depois, dois de seus biógrafos, Francisco de Assis Barbosa e eu mesma, aqui estamos. Penso que não será coincidência, tampouco, sermos brancos. Em mais cem anos de República não conseguimos modificar as desigualdades que interseccionam.”
Rosiska Darcy, jornalista, escritora e também imortal da ABL, deu as boas vindas e apresentou Lilia destacando que “essa paulistana de pele branca é uma intelectual presente na luta antirracista”. A entrega do clássico colar, como segue a tradição, foi entregue pelo ex-chanceler Celso Lafer.
Lilia ocupa a cadeira número nove, que era do diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva, que morreu em novembro de 2023, aos 92 anos. Escolhida em março por 24 dos 38 acadêmicos aptos a participarem da eleição, ela se torna a 11º mulher a integrar a Academia. A primeira foi Rachel de Queiroz em 1976. Hoje são 35 homens e cinco mulheres na ABL, Schwarcz, Oliveira, Montenegro, Ana Maria Machado e Heloisa Teixeira.
“As instituições públicas e privadas têm o papel de encampar lutas da sociedade brasileira. Uma luta muito forte é pela diferença. Entro na ABL no momento em que a Academia dá vários sinais de abertura para as populações negras que são maioria, mas minorizadas na representação, abertura para a população LGBTQIA+, para indígenas e para mulheres” considerou Lilia.
Primeira mulher
No dia 4 de novembro de 1977, há 45 anos, a escritora Rachel de Queiroz fez história ao se tornar a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Este marco significativo representou uma conquista monumental para as mulheres na literatura e na cultura brasileira, abrindo caminho para futuras gerações de escritoras e intelectuais no país.
Rachel de Queiroz, conhecida por obras como “O Quinze” e “Memorial de Maria Moura,” destacou-se não apenas por seu talento literário, mas também por sua coragem e pioneirismo. Sua eleição para a ABL foi um reconhecimento de sua contribuição inestimável para a literatura brasileira, quebrando barreiras de gênero em uma instituição que, até então, havia sido exclusivamente masculina.
Por Gustavo Soares