Edson Lustosa escreve: As eleições passadas ensinam, mas só aprende quem quer

Publicada em 

17 de janeiro de 2024

às

18h54

Campanhas caras que não resultaram em votos, excesso de autoconfiança convertido em prepotência e incapacidade de distinguir com quem se juntar são erros que já puseram a perder muitos projetos político-eleitorais. Candidatos a vice que desagregam em vez de agregar também têm forte influência nesses casos de insucesso.

Entretanto, pelo andar das carruagens e os dentes dos cavalos que as puxam e, mais ainda, pelo claudicar das carroças e dos burricos que as rebocam, é possível deduzir que novos fiascos estejam a caminho. Seja por acreditar que o dinheiro seja capaz de tudo, seja por presumir que a investidura – por si só – em um cargo público sempre revista seu titular de alguma popularidade.
Iluda-se quem quiser. Quando a coisa caminha para um desvio irreversível, é até um tanto arriscado emitir uma opinião solitária, ainda que devidamente fundamentada na observação do que a história seguidamente registrou. Por que nenhum vice-governador, com exceção de Miguel de Souza, conseguiu se eleger mais nada em Rondônia?
Orestes Muniz se manteve fiel à liderança de Jerônimo Santana, que teve um fim de governo tumultuado. Em um cenário dominado pelo desejo de mudança, não foi bem sucedido em seu propósito de chegar ao cargo de governador. Concentrando-se em sua carreira de advogado, fez melhor opção.
Assis Canuto, ao se candidatar a deputado federal ao final de seu mandato como vice-governador, em 1994, ficou numa honrosa primeira suplência, que lhe permitiu assumir no Congresso Nacional por alguns meses, na legislatura 1995-1999. Depois disso, só mesmo o cargo de vice-prefeito de Ji-Paraná, onde seguramente contribuiu puxando votos para José Bianco eleger-se prefeito em 2004 e em 2008.
Aparício Carvalho, ao final do mandato de vice-governador, em 1998, tentou o senado. Amealhou 25 mil votos, ficando em quinto lugar nessa corrida. Miguel de Souza seria a exceção da regra, conquistando uma cadeira de deputado federal ao despedir-se do cargo de vice-governador em 2002. Odaísa Fernandes, vice de Ivo Cassol, enfrentou algumas crises de relacionamento político com ele. Nunca mais se ouviu falar que tenha saído candidata a alguma coisa.
Aparece então no cenário o inexpressivo João Cahula, guindado a governador com a renúncia de Ivo Cassol, que se candidatou ao senado. Cahula sai candidato a governador. Para sua tristeza, apenas confirma a regra. Mesmo tendo a seu favor toda a máquina cassolista.
Eis que em 2010 Confúcio Moura se elege governador tendo Airton Gurgacz como vice. Airton sonha mais baixo e consegue se eleger deputado estadual ao final de seu mandato como vice-governador em 2014. Já em 2018 não repete o feito. Consegue, entretanto, voltar à Assembleia Legislativa em 2022.
Em 2022 chega ao cargo de vice-governador um nome pouco conhecido da população: José Jodan. Interessante é que conseguiu se manter desconhecido durante todo o mandato, ao ponto de nem ser cogitado para reeleição.
Vê-se, então, que o mais bem sucedido de todos foi Airton Gurgacz, que, com um projeto mais modesto, conseguiu pelo menos duas vitórias para deputado estadual. De resto, o cargo de vice-governador não foi a catapulta que muitos esperavam.

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