Edson Lustosa escreve: O que pretendem os candidatos que sabem que não têm a menor chance

Publicada em 

27 de julho de 2024

às

11h38

Quando as campanhas eleitorais eram mais longas e a legislação era mais frouxa. Era comum algumas pessoas se lançarem candidatas, mesmo não contando com as necessárias estruturas política e econômica que lhe dessem respaldo. Assim era porque o lançamento de seu nome já lhes abria as portas da mídia, até mesmo como curiosidades. Desse modo, alguns apoios iam sendo conquistados ao longo dessas aparições

Esses prazos mais alongados permitiam que tais candidaturas “alternativas” ganhassem corpo e chegassem até mesmo a resultados razoáveis; por vezes, surpreendentes. Mas agora não há prazo para tais curvas de crescimento. As campanhas são rápidas. E nem tudo pode ser falado antes que elas se oficializem.

Ocorre que, mesmo com essas mudanças, continuou a existir o lançamento de candidaturas que, de antemão, sabe-se que não levaram à vitória. No que se refere às eleições majoritárias, isso se acentuou depois do advento da eleição em dois turnos, visto que aí tudo o que se pretende é negociar apoio no segundo turno em troca de um empreguinho comissionado para um familiar, um cargo de secretário, coisinhas assim.

Às vezes essa adesão do ex-concorrente vem tingida por cores ideológicas. Menos mal, quando assim é. Mas, às vezes, vem pela mera conveniência, sem qualquer coerência ideológica, facilitada apenas pelo caráter estratosférico do discurso supostamente ideológico que o indivíduo mantinha, tratando de temas como o aquecimento global, a valorização da família, fazendo protesto contra falta de criatividade de Deus quando o fez o mundo desse jeito que é.

Isso acontece porque, se tratasse efetivamente dos problemas que afetam a comunidade, que adoecem a cidade, que estragam a qualidade da vida dos moradores dos bairros, mexeriam, seguramente, em interesses dos que têm as estruturas política e econômica lhes dando respaldo. Por isso é preciso estar alerta: ter atenção ao que os candidatos a barganhas entre o primeiro e o segundo turno não dizem, mais do que ao que dizem.

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