IMPACTOS SOCIAIS DAS UHEs DO RIO MADEIRA: PERIFERIAS MARCADAS PELA DESIGUALDADE

Publicada em 

17 de junho de 2024

às

14h16

Autora: Jamylle Maria Araujo Silva *

 

As Usinas Hidrelétricas (UHEs) instaladas no Rio Madeira, em Rondônia, prometiam trazer progresso e desenvolvimento à região, mas a realidade vivida pelas comunidades periféricas próximas revela um cenário bem diferente. As promessas de melhorias econômicas e sociais foram ofuscadas por uma série de problemas, desde a precarização do trabalho até o aumento da mortalidade entre os moradores dessas áreas.

A construção das UHEs Santo Antônio e Jirau provocou o deslocamento de milhares de famílias que viviam nas margens do Rio Madeira. Muitas dessas pessoas foram realocadas para áreas periféricas sem a infraestrutura adequada, haja vista que as condições nas moradias eram péssimas, faltava saneamento básico, segurança e serviços de saúde. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de desenvolvimento humano dessas comunidades caiu significativamente após a realocação.

Os empregos prometidos pelas hidrelétricas não se concretizaram como esperado. Muitos trabalhadores foram contratados em condições precárias, com salários baixos e sem direitos trabalhistas assegurados, pois a maioria dos empregos gerados eram temporários e de baixa qualificação, o que não melhora a vida das famílias a longo prazo, pelo contrário. Diante disso, a falta de oportunidades de emprego estável aumentou a vulnerabilidade econômica da população local.

Outro grave impacto social das UHEs do Rio Madeira foi o aumento da mortalidade nas comunidades periféricas. Estudos realizados pelo Ministério da Saúde apontaram um aumento nas taxas de doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e a dengue, devido às mudanças no ecossistema local. Além disso, a falta de acesso a serviços de saúde adequados agrava a situação.

Os impactos das Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira sobre as comunidades periféricas de Rondônia são profundos e preocupantes, e as promessas de desenvolvimento e progresso não se materializaram para a população local, que enfrenta desafios diários para sobreviver. Logo, urge um olhar mais atento e políticas públicas eficazes para mitigar esses impactos e melhorar a qualidade de vida dessas comunidades que ainda sofrem as consequências de anos atrás.

 

* A autora é graduada em Direito, atua como advogada (OAB/RO nº 14.253). Atualmente está cursando especializações em Direito Educacional, Direito Administrativo e Gestão Pública, e Direito Penal e Processual Penal com habilitação em Docência do Ensino Superior.

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