Tribunal inglês processa Vaticano, pela primeira vez na história, acusando de negócio imobiliário "incoerente e confuso"
Pela primeira vez, o Vaticano foi julgado em um tribunal estrangeiro. No caso, um tribunal de Londres, na Inglaterra, iniciou uma ação civil acusando o Estado católico de submeter um empresário britânico a acusações “incoerentes e confusas” a respeito de um acordo imobiliário.
Segundo o The Guardian, Raffaele Mincione havia sido condenado em um tribunal do Vaticano em 2023, acusado de inflacionar o preço de uma propriedade na Avenida Sloane 60, em Chelsea, que seria comprada pela Santa Sé. O homem foi condenado a prisão de cinco anos e meio, por lavagem de dinheiro, peculato e suborno.
Porém, os advogados de defesa de Mincione afirmam que a acusação parece “basear-se numa disposição do direito católico”. Por isso, agora Mincione tenta apelar da decisão em um processo civil que iniciou nesta quarta-feira, 26, em Londres.
Agora, um alto funcionário do Vaticano — o arcebispo venezuelano Edgar Peña Parra — testemunhará em um caso movido contra a Secretaria de Estado da Santa Sé, no que acredita-se que seja a primeira vez, em toda a história, que o Vaticano é envolvido em um julgamento em tribunal estrangeiro.
Papa culpado?
A opinião do advogado que acusa o Vaticano é de que o papa Francisco teria alterado secretamente a legislação do Estado, pelo menos, quatro vezes durante a investigação.
Com isso, ele conseguiria beneficiar os procuradores, levantando dúvidas sobre a independência e a imparcialidade do tribunal do Vaticano, uma vez que seus juízes juram obediência ao próprio pontífice, que tem liberdade para contratá-los e despedi-los.
Porém, o Vaticano alega que os juízes envolvidos no processo agiram de maneira independente, e que o julgamento ocorreu “no pleno respeito pelas garantias dos suspeitos”. O julgamento ainda deve se prolongar por quatro semanas.
Vaticano é julgado em tribunal estrangeiro pela primeira vez, na Inglaterra
Por Èric Moreira